The Waterboys A Dançar Folk Indie Na Lua

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

The Waterboys
The Waterboys

Nos anos 80, desafiaram os limites dos géneros musicais ao trazer a folk para o rock. No concerto que apresentaram esta quarta feira, no Campo Pequeno, The Waterboys mostraram que continuam a reinventar a música, com grande habilidade.

A voz marcante de Mike Scott e os seus poemas intensos, envolvidos na energia do som do violino, continuam a marcar a sonoridade da banda. Ao pisar o palco, a nostalgia bateu à porta. “Boa noite Lisboa. Que boa sala têm vocês aqui. Desde 1989…”. Foi há vinte anos que a banda se estreou em Portugal, justamente no Campo Pequeno, memória recordada pelo vocalista, neste regresso.

O recinto muito composto, de faixa etária subida, fazia crer que aguardavam os êxitos dessa época. E apesar de The Waterboys os continuarem a tocar, não se limitam a reproduzir as versões antigas, tal como foram gravadas. Trazem novos arranjos e quase sempre, versões bem mais extensas das conhecidas melodias. O rock continua a correr-lhes nas veias e o público foi brindado com uma verdadeira performance, à qual não faltou um desempenho “tipo” Kiss, a banda de eleição de Brother Paul, o teclista, durante a interpretação de “Nashville, Tennessee”.

“Fisherman’s Blues” foi o primeiro abalo à alma, da noite. Uma daquelas que todos, nesta sala, sabiam cantar. Seguiu-se “Medicine Bow” também carregadas de boas memórias, mas a entrar a rasgar.

Percebe-se que há uma forte ligação, entre os membros da banda, em palco. Mike Scott, Steve Wickham (violino), Zeenie Summers e Jess Kavanagh (vozes femininas) são os elementos que têm maior mobilidade e estão frequentemente a tocar e a cantar frente aos restantes músicos. Há uma interaçao constante e, muitas vezes, mesmo sem dar por isso, estão de costas para o público. É como se nos permitissem assistir a uma daquelas boas festas em que a música é o motivo da reunião.

Mike Scott, entre as músicas, vai trocando algumas palavras com a audiência. Os cabelos grisalhos não coincidem com a boa figura que apresenta e a energia que revela em palco. Passaram mesmo vinte anos?

Reconhecemos “This is The Sea” pela letra, pois vem embrulhada de forma diferente. Mais á frente deparamo-nos também com uma versão bem mais acelerada de “We Will Not Be Lovers”. “The Pan Within” é um dos momentos mais intensos da noite. À bancada central do Campo Pequeno, o som chega de forma muito razoável (melhor do que muitas noites de concertos neste recinto) e o ritmo do violino faz ondular os corpos sentados. Segue-se a mais pedida “The Whole of the Moon”, e a plateia é um mar de telemóveis no ar. É dos poucos temas que surge mais ou menos fiel ao original. Apenas uma versão mais extensa, com direito a solo do baixista Aongus Ralston, em que os restantes músicos aproveitar para dançar, pelo palco.

Um encore com mais dois temas completa as mais de duas horas de concerto. “A Girl Called Johnny” e depois, uma surpresa a fechar. Mike Scott veste um casaco preto, brilhante e interpreta uma versão de “Purple Rain” de arrasar.

A nostalgia terá sido o cartão de visita da noite, mas saiu-se do Campo Pequeno com a sensação de que há bandas que conseguem manter o seu acervo dinâmico e cheio de vida.

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