A exposição hoje inaugurada, aborda 500 anos de relações comerciais, políticas e diplomáticas entre Portugal e o Irão e marca também 500 anos sobre a segunda tomada de Ormuz – “Jóia do Anel do Mundo” – por Afonso de Albuquerque.
A exposição começa por relatar a chegada dos portugueses a estas paragens, a maneira como se apossaram de uma das mais importantes zonas do comércio oriental, entrando em contacto direto com a Pérsia, com a qual foram obrigados ao estabelecimento e aprofundamento de uma aliança diplomática e militar ditada pelo realismo geopolítico, e tendo por inimigo comum o ascendente Império Otomano, numa altura em que persas, xiitas e turcos sunitas disputavam o domínio sobre o sul do Cáucaso, o curso do Tigre e do Eufrates, bem como a Península Arábica e os seus lugares santos.
É também aqui mostrado as relações entre os dois povos, nomeadamente em áreas como o tráfico comercial, a arte da edificação militar, a construção naval, a assistência militar recíproca na luta contra os turcos, bem como trocas artísticas de objetos de luxo e a permissão de estabelecimento de religiosos portugueses em território persa, para aí desenvolverem atividade missionária entre os mandeus (cristãos de São João), os cristãos de rito caldaico, os arménios e os georgianos.
Outro momento importante aqui em destaque é a queda de Ormuz, em 1622, altura em que Portugal manteve-se na Península da Arábia e continuou a andar pelo Golfo Pérsico, até à década de 1630, altura em que voltou a restabelecer boas relações e a feitoria de Bandar-e Kong prosperou e foi um importante centro de comércio até ao início do século XVIII.
A terminar, as relações pós século XIX, altura em que os dois Estados voltaram a abrir canais de relacionamento permanente, assinaram tratados estabeleceram relações diplomáticas e aumentaram os contactos económicos e culturais, mesmo aquando a implementação da República Islâmica do Irão.
A rede de sistemas defensivos, nomeadamente a fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz, obra de vulto de Inofre de Carvalho, Keshm, Larak, Bahrain, Soar, Mascate, Quelba, Mada, Doba, Libédia e Corfação, são também aqui relembrados.
A mostra pretende também realçar o contributo de Portugal para o conhecimento pelo Ocidente da diversidade étnica, linguística e religiosa daquela região do globo.
A exposição Portugal – Irão: 500 Anos pode ser vista gratuitamente, de segunda a sexta feira, das 9h30 às 19h30, e sábado das 9h30 às 17h30, na Biblioteca Nacional de Portugal ao Campo Grande.
Texto de Elsa Furtado