Exposição Da Obra Gráfica De José De Guimarães Para Ver Na Biblioteca Nacional

No ano em que comemora 80 anos e assinala 60 de carreira, o artista plástico José de Guimarães apresenta a partir de hoje, a sua obra gráfica na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, na exposição Volta ao Mundo: Obra Gráfica de José de Guimarães.

Com curadoria de Pedro Campos Costa e Raquel Henriques da Silva, a exposição baseia-se no acervo de obras que o autor tem vindo a doar à BNP, onde se encontra um exemplar de toda a sua gravura, num total que ascende a mais de 400 obras.

As viagens de José de Guimarães, as físicas e as outras, são pesquisa, deriva e dialética. São parte do seu trabalho, onde procurou territórios, investigou realidades, confrontou-se com culturas, colecionou arte popular, apaixonou-se por artefactos, relacionou perspetivas emocionais, numa longa viagem de vida que ainda continua, de Oriente a Ocidente, sem esquecer a África e a América Latina. A sua viagem convida a um mapeamento incerto de um território íntimo, quase ritualista e místico e ao mesmo tempo universal. A sua obra gráfica são os vestígios dessa viagem, âncoras, às vezes sintéticas de obras maiores, às vezes exploratórias de novas linguagens, às vezes inovadoras nos materiais, às vezes simples marcas de água de um determinado tempo, dessa procura à volta ao mundo. Diverso e ainda assim coerente.

Esta exposição propõe uma síntese de toda a obra gráfica, uma grande retrospetiva não cronológica. O desafio de fazer um espaço expositivo da obra de José de Guimarães é um exercício de presença, como se as suas obras criassem novas realidades ou pedissem novos espaços. As obras de José de Guimarães têm no seu ADN um guião espacial que obriga o espaço expositivo a ser intérprete e a construir. O conceito da exposição é a viagem. Propõe-se que esta volta ao mundo seja feita através de uma arquitetura de experiências, de espaço e de cor. Uma sucessão simples de salas de “museu” onde não existe nem princípio nem fim. Uma viagem sem destino. Um convite a andar à solta por este mundo.

A exposição divide-se por várias salas temáticas, mas que fogem à cronologia e geografia, que exploram as várias influências do artista nascido em Guimarães em 1939. Vão estar expostas cerca de 168 obras, desde gravuras da série 1º de Maio (que resultaram de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian) aos trabalhos alusivos ao 25 de Abril de 1974, sem esquecer as séries de inspiração Africana, Mexicana ou do Extremo Oriente. Será ainda lançado um catálogo raisonné, edição bilingue, com a chancela da Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Depois viaja-se pelas salas que não são nem cronológicas nem temáticas, são conjuntos de séries que habitam o espaço de forma pictórica e plástica, como pequenas narrativas ou excertos de um longo livro. Na viagem, especialmente das narrativas de Marco Polo, Stendhal, Goethe, Verne ou Barthes, existe um espaço imaginado que não é construído. Viaja-se na imaginação para um lugar sem espaço. Nesta exposição viaja-se num espaço físico construído para se poder viajar pelo mundo da imaginação. Boa Viagem.

A exposição pode ser visitada até ao dia 31 de março de 2020, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19h30, e aos sábados, das 9h30 às 17h30. A entrada é livre.

Autor:Texto de Ana Francisca Bragança
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