Fashion Freak Show – O Que Vai Na Cabeça De Jean Paul Gaultier?

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Ursos, enfermeiras marotas, plumas, espartilhos, muita música e movimento, são algumas das ideias que sempre fervilharam na cabeça de Jean Paul Gaultier. O conhecido designer francês coloca-as agora no espetáculo Fashion Freak Show, que traz para o palco, além dos seus interesses, os episódios mais marcantes da sua vida.

Seguimos a história do rapazinho loiro, de camisola branca com riscas azuis, desde o momento do seu nascimento, até aos dias de hoje.

Foi de pé que o público aplaudiu Jean Paul Gaultier, assim como todos os artistas que integram o elenco de Fashion Freak Show, na primeira noite de apresentação em Lisboa.

O espetáculo é um musical, com uma forte componente de cinema. Há ecrãs de imagem que se sobrepõe e permitem a criação de cenários em profundidade.

Cada quadro explora um tema, relacionado com a vida do artista. Uns mais pessoais, como um episódio de vídeo em que o pequeno Jean Paul Gaultier é apanhado na sala de aula da escola primária a desenhar. Mais tarde a sua relação com Francis, ou os seus interesses (desde criança que sonhava em fazer um espetáculo no Folie Berger).

Outros de cariz profissional, como o seu primeiro desfile em 1976, a ligação a ícones da música como Madonna, os seus desfiles de alta costura, entre outros.

Fashion Freak Show tem também uma boa dose de humor, especialmente notado nas cenas dedicadas à Fashion Police aka Anna Wintour, a editora da edição norte-americana da revista Vogue.  “Preciso de alguém com gosto e não deste freak! Ninguém vai comprar isto, é tão vulgar” opinava a fashion police nos primeiros desfiles. Para mais tarde mudar radicalmente de opinião.

O público também é parte integrante do espetáculo e há quem tenha tido a oportunidade de subir ao palco para aprender a desfilar na passerelle.

A banda sonora é constituída por grandes êxitos dos anos 80 e 90. Além do óbvio “Le Freak” por Chic, dançou-se ao som de “Relax” de Frankie Goes to Hollywood, “Smalltown Boy” de Bronski Beat, “Sweet Dreams (Are Made Of This)” dos Eurythmics que começa com uma versão mais underground de Marylin Mason.

Madonna é uma constante ao longo da noite e temos ainda entrada num hall of fame que conta com as personalidades que o inspiraram como David Bowie, Prince ou Boy George.

O bailado é a linguagem mais comum, que ganha intensidade em momentos especialmente emotivos. Juntam-se ainda a este guião apontamentos de acrobacias aéreas que dão uma outra dinâmica a este espetáculo.

Acrescentamos que em cada cena os artistas trazem figurinos diferentes e muito elaborados, em alguns casos. Ou simplesmente os despem, noutros momentos!

São cerca de duas horas de espetáculo, com um intervalo de vinte minutos, em que o público está sempre a receber estímulos intensos sobre a história de vida do estilista, sejam em forma de dança, cinema, teatro ou canto. Não há tempos mortos e as cenas sucedem-se a bom ritmo.

Pela sua originalidade e produção elaborada, não podemos deixar de recomendar este espetáculo que se mantém em cena em Lisboa até ao dia 11 de novembro, no Campo Pequeno e de 16 a 18 de novembro na Super Bock Arena do Porto. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam entre 20 e 300 euros.

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