O Campo Grande de Lazer e Rural para Descobrir em Exposição na Biblioteca Nacional

campo_grandeLisboa era outrora rodeada por campos de cultivo. Eram também acentuadamente rurais os chamados campos de Alvalade que ocupavam a área que hoje abrange o Campo Grande e o Campo Pequeno. Os testemunhos da história desta área de Lisboa, como zona rural e de lazer, podem agora ser conhecidos na exposição Um Giro pelo Campo Grande patente na Biblioteca Nacional até ao dia 30 de abril.

Hoje, o Jardim ou Parque do Campo Grande é o maior espaço verde do centro de Lisboa, com mais de 11 hectares, e possui, além de um lago «navegável», onde é possível alugar barcos a remos, restaurante, parque de merendas e parque  infantil. Mas a sua utilidade pública anterior era bem diferente da atual.

Há notícia da existência de vinhas no Campo Grande no século XII. Sabe-se que já existia como freguesia do termo de Lisboa pelo menos desde 1602, tendo sido, até ao século XIX, uma zona de hortas e quintas nobres. Logradouro público pelo menos desde o início do século XVI, só em 1682 se mandou nele delinear a primeira alameda.

A partir daí, Campo Grande é sinónimo de passeio público. Em 1836, um edital da Câmara Municipal de Lisboa regula o funcionamento do espaço: proíbe a entrada de «carros de bois, ou bestas de carga dentro do Passeio do Campo», determina que «as carruagens, seges, e pessoas a cavalo, deverão transitar somente pelas ruas largas», que «todo o gado que se encontrar a pastar […] será apreendido», que «ninguém poderá estender roupa dentro do Passeio», que ninguém aí poderá praticar caça.

Este Campo Grande como zona rural e de lazer, no termo de Lisboa, onde os lisboetas vinham passear – «aos domingos dava um giro pelo Campo Grande…», como confessava um personagem de um conto de Mário de Sá-Carneiro – andar de cavalo ou de bicicleta, manteve-se até meados do século XX, altura em que o centro da cidade se estende da Baixa às Avenidas Novas e chega às portas do Campo Grande onde se começa, então, a edificar. A partir de 1945, depois do ciclone de 1941 que o devastou, o Jardim do Campo Grande recebe, em momentos diferentes, um restaurante, bares, lagos, campos de ténis, ringue de patinagem, parque infantil e piscina, e mais tarde um cinema e um centro comercial, no chamado edifício Caleidoscópio.

A exposição Um Giro pelo Campo Grande encontra-se integrada na Lisbon Week 2015 e pode ser vista na galeria da Biblioteca Nacional de Portugal até ao dia 30 de abril, de segunda a sexta-feira entre as 9h30 e as 19h30 e aos sábados das 9h30 às 17h30. A entrada é gratuita.

Texto de Susana Sena Lopes

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