O Regresso Da Revista Ao Politeama Com Portugal À Gargalhada

“Quem quer comprar um programa?” pergunta José Raposo no papel de Filipe La Feria, à entrada do Politeama. A crise é tanta, que nem o Papa está disposto a desembolsar uns trocos extra. É com este retrato bem humorado da própria companhia que abre Portugal à Gargalhada, o espetáculo que estreou recentemente no Politeama e que volta a homenagear a Revista.

PLonge vão os tempos do auge do sucesso deste género teatral, mas o público ficou-lhe com o gosto. E continua a ansioso por ver as novas rábulas, agora já sem o perigo de ver o texto engolido pelo risco vermelho. É verdade que, hoje em dia, já se pode dizer praticamente tudo, mas nem todos o conseguem fazem com o vigor e a energia de uma Marina Mota (brilhante em “Viva Lisboa”) ou a graça de um Joaquim Monchique (a fazer soar as gargalhadas com a pose de Amália Rodrigues). O cruzar da vida real com a ficção, numa espécie de “nós sabemos que vocês sabem” é também bem recebida, como foi o caso da entrada de Maria João Abreu, que recebeu grandes aplausos ao partilhar confidencias sobre anteriores ligações a outro elemento do elenco.

Aqueles que são hoje consumidores passivos de televisão também gostam de um bom cenário, com muita cor, luz e música. As lantejoulas e plumas enchem a vista, a música e o bailado animam, a crítica social desanuvia a mente. O sucesso do anterior espetáculo “A Grande Revista Portuguesa” fez com que o encenador desse continuidade ao género, sempre em permanente atualização de conteúdos. A Troika e a Saída Limpa são agora personagens principais, com as inevitáveis referencias ao assalto ao bolso dos contribuintes assim como farpas atiradas ao caso BES.

PZé Portugal, o surfista McNamara e o recentemente emigrado Fernando Tordo são também referidos com muito humor neste espetáculo, ao qual não falta uma caricatura à mãe de Cristiano Ronaldo. São várias as referências a outras figuras públicas, da política ao social, passando pelos atores de televisão. “Chama-se celebridade a cada débil mental que vá à televisão” desabafa um Tordo antes de embarcar no avião rumo ao outro lado do Atlântico.

Há sapateado, sevilhanas (com José Raposo num hilariante papel bailaor), tango e a forte batida de wegue wegue numa repartição de finanças. “Então, estão todos bem dispostos ou está tudo morto?” pergunta Amália antes de dar início a uma grande festa que junta os principais heróis lusitanos no Panteão.

Bem disposto vai sair com certeza do Politeama. Possivelmente, ainda se vai rir de si próprio com a “Excursão de Legues” outra das rábulas que acaba por referir o público desta sala, que se mantém fiel a um dos grandes dinamizadores do teatro em Portugal.

Portugal à Gargalhada é a nova produção de Filipe La Feria que conta, na linha da frente, com Marina Mota, Joaquim Monchique, José Raposo, Maria João Abreu, Paula Sá e Ricardo Soler. Tem coreografia de Marco Mercier e direção musical de Mário Rui Teixeira.

Há sessões de quarta-feira a sábado às 21h30, aos sábados (também mais cedo) e domingos às 17h00. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam entre 10 euros (2º balcão) e 30 euros (plateia).

Reportagem de António Silva e Tânia Fernandes
Autor:Reportagem de António Silva e Tânia Fernandes
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