“Quem quer comprar um programa?” pergunta José Raposo no papel de Filipe La Feria, à entrada do Politeama. A crise é tanta, que nem o Papa está disposto a desembolsar uns trocos extra. É com este retrato bem humorado da própria companhia que abre Portugal à Gargalhada, o espetáculo que estreou recentemente no Politeama e que volta a homenagear a Revista.
Aqueles que são hoje consumidores passivos de televisão também gostam de um bom cenário, com muita cor, luz e música. As lantejoulas e plumas enchem a vista, a música e o bailado animam, a crítica social desanuvia a mente. O sucesso do anterior espetáculo “A Grande Revista Portuguesa” fez com que o encenador desse continuidade ao género, sempre em permanente atualização de conteúdos. A Troika e a Saída Limpa são agora personagens principais, com as inevitáveis referencias ao assalto ao bolso dos contribuintes assim como farpas atiradas ao caso BES.
Há sapateado, sevilhanas (com José Raposo num hilariante papel bailaor), tango e a forte batida de wegue wegue numa repartição de finanças. “Então, estão todos bem dispostos ou está tudo morto?” pergunta Amália antes de dar início a uma grande festa que junta os principais heróis lusitanos no Panteão.
Bem disposto vai sair com certeza do Politeama. Possivelmente, ainda se vai rir de si próprio com a “Excursão de Legues” outra das rábulas que acaba por referir o público desta sala, que se mantém fiel a um dos grandes dinamizadores do teatro em Portugal.
Portugal à Gargalhada é a nova produção de Filipe La Feria que conta, na linha da frente, com Marina Mota, Joaquim Monchique, José Raposo, Maria João Abreu, Paula Sá e Ricardo Soler. Tem coreografia de Marco Mercier e direção musical de Mário Rui Teixeira.
Há sessões de quarta-feira a sábado às 21h30, aos sábados (também mais cedo) e domingos às 17h00. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam entre 10 euros (2º balcão) e 30 euros (plateia).
Reportagem de António Silva e Tânia Fernandes