O Rei Zarolho Estreia Esta Quinta Feira No Teatro Maria Matos

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

O Rei Zarolho

A busca pela verdade, as diferenças sociais e a política são alguns dos temas que sobressaem da comédia O Rei Zarolho, que estreia esta semana no Teatro Maria Matos, em Lisboa. O texto e encenação é de Marc Crehuet.

Um ativista que perdeu um olho, durante uma manifestação, comparece a um jantar sem saber que o marido da anfitriã é o polícia de choque que o atingiu com uma bala de borracha. Esta é a situação que vai levar os intervenientes a gerir um conjunto de controversas emoções de culpa, raiva, vingança e perdão. A realidade concebida por Crehuet torna-se, ao longo da peça, ainda mais ambiciosa ao abordar temas mais amplos e relevantes como a justiça, direitos civis, moralidade e preconceitos. Tudo isto, envolto em muitas gargalhadas.

A narrativa começa com o jantar de reencontro de duas amigas. Pelos primeiros diálogos percebe-se que o tempo de afastamento terá dilatado as diferenças, mas nada que a vontade de se voltarem a ver, não consiga reparar.

Lídia (Susana Blazer) ficou a viver no subúrbio onde cresceram, está desempregada, ocupa-se em workshops variados e vive com David (Jorge Mourato), um polícia de intervenção. A amiga, Sandra (Benedita Pereira) é uma entusiasta da área cultural e partilha a vida com André (Diogo Morgado), realizador de documentários. David e André têm perspetivas diametralmente opostas da realidade e durante esse primeiro encontro percebem que já tinham estado cara a cara. Com sequelas físicas ainda visíveis em André. De um lado há um “grunho”, que se auto-entitula de “especialista em gestão de multidões”, do outro, um ativista – algo sonhador e inseguro – que luta por um mundo melhor.

O Rei Zarolho – Ensaio Solidário

Todos os personagens são intensos e retratam a fragilidade de convicções. Há uma tendência forte para o exagero, perfeitamente justificável. A peça trata de uma realidade social complexa que comporta, muitas vezes, grandes incoerências. Pelo meio da narrativa há um político (Dinarte Branco) que fala, repetidas vezes, de “Austeridade” e marca uma forte ligação à autoridade política e ao discurso relacionado com a crise financeira.

Todos procuram encontrar respostas e dar sentido às coisas. Há momentos verdadeiramente hilariantes neste confronto de posições. O espetador assiste, mas é também elemento da narrativa.

O texto de Marc Crehuet foi adaptado ao cinema, em 2016, com El Rey Tuerto.

O Rei Zarolho tem tradução de Ana Rita Sousa, cenografia de Joana Sousa, figurinos de Andy Dyo, desenho de luz de Luís Duarte e assistência de encenação de Sónia Aragão.

A peça fica em cena no Teatro Maria Matos até 28 de maio, com sessões de quinta a sábado às 21h00, e ao domingo às 17h00. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam 20 euros (plateia) e 18 euros (balcão).

Artigo anteriorSemana Santa Em Óbidos De 2 A 9 De Abril
Próximo artigoAustrian Airlines Já Voa De E Para O Porto

Leave a Reply