O Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), no Porto, acolhe de 13 de julho a 12 de novembro, a exposição Portreto de la Animo Art Brut Etc, com foco nos retratos e autorretratos, que integram a coleção Treger Saint Silvestre, uma das mais importantes coleções de Arte Bruta, em depósito no Centro de Arte Oliva, em S. João da Madeira.
Na apresentação da exposição, o colecionador e curador António Saint Silvestre reforçou a importância da “Arte Bruta”, do francês Art Brut e do inglês Outsider Art, como produção artística de pessoas sem educação de base artística, que se dissocia de outras correntes artísticas, pelo facto de «não existir um fio condutor. Do autor fazer a obra para ele, sem pensar numa corrente ou no potencial da obra como arte. A Art Brut está associada, muitas vezes, a pessoas com perturbações mentais. O que não significa que todos os autores tenham problemas de saúde mental ou que é preciso ter uma desordem mental para se ser criador de arte. Mas é a indiferença em relação ao que os outros pensam e a criação para satisfazer um desejo próprio, que cunha grande parte destas obras».
António Ponte, diretor do MNSR, enfatizou o facto das «obras agora apresentadas se cruzarem com obras do acervo do Museu, numa estreita relação da arte com a saúde mental» – um ponto nevrálgico nos tempos que correm, fruto ainda da pandemia e dos seus efeitos na sociedade atual.
A exposição apresentará um programa paralelo com um ciclo de conversas sobre arte na saúde mental e na reabilitação psicossocial, visitas guiadas e orientadas, bem como atividades com comunidades educativas e com unidades de saúde.
Andreia Magalhães, diretora do Centro de Arte Oliva, aprofundou alguns dados da coleção Treger Saint Silvestre, que conta atualmente com cerca de 1700 obras, cujo estudo, que passa pela autoria à classificação artística, continua a ser um desafio, «da maior coleção de outsider art do mundo».
O Presidente da Câmara de S. João da Madeira, Jorge Sequeira, lembrou que esta é uma oportunidade única de visitar uma exposição desta natureza e recorda o sucesso das exposições de Arte Bruta, com obras da coleção, de Madrid, em 2019 e de Gugging, na Áustria, em 2022, bem como, o empréstimo de obras à Fundação Prada, em 2023, para reforçar o quão importante é a coleção e os seus ecos pelo mundo.
António Saint Silvestre foca-se sobretudo na arte inclusiva, na riqueza de trabalhar propostas diferenciadas, na inexistência de padrões, na possibilidade dos museus poderem também discutir obras contemporâneas, para, como o próprio afirma «dar as cartas de nobreza aos artistas marginais», nesta que é «a última aventura do século XXI».
A exposição, comissariada por António Saint Silvestre e Richard Treger, inspira-se na «National Portrait Gallery, propondo ao Museu Nacional Soares do Reis, em colaboração com o Centro de Arte Oliva, a apresentação da sua própria Galeria de Retratos.»
Cada obra de arte está acompanhada, não só da descrição da obra, mas um breve resumo da vida do seu autor, sempre que este esteja identificado.
A exposição está aberta ao público de terça a domingo, das 10h00 às 18h00. O bilhete para visitar o museu pode ser adquirido no local e custa 5 euros.
