Quarteto De Ricardo Toscano Atuou No OutFest

Reportagem de Daniel Carvalho (Texto) e Ana Filipa Correia (Fotos)

À hora marcada para o início do concerto só se vislumbra o segurança do parque Marechal Carmona em Cascais, que parece guardar os instrumentos abandonados em cima do palco, e um espectador mais fervoroso que colocou uma cadeira de lona estrategicamente direcionada para o palco. Uma volta ao parque e três bolas de gelado duma roulotte do Santini depois e finalmente vemos os músicos a preparar-se para começar.

Trata-se do festival OutFest, que pretende assinalar os dez anos de existência do OutJazz e que vai encher aquele parque de Cascais de música durante todo o fim-de-semana. A receita, se não é a mesma, é no mínimo muito parecida à de qualquer outro evento do OutJazz (com a excepção de a diferença fundamental da entrada ser paga): um palco em frente a um relvado (ou análogo) onde o público se senta ou estende ao comprido, com ou sem toalha por debaixo, com o sem um copo na mão.

Out Fest

O Quarteto de Ricardo Toscano, o prodígio precoce do saxofone, dá o pontapé de saída no palco dedicado ao jazz – para além deste, há também o principal com uma programação eclética, e o Red Bull Silence Garden, onde um DJ toca para cada pessoa individualmente. Às primeiras notas, o público foi chegando, abandonando outras zonas do parque, outros palcos e seguindo a música, qual zombie enfeitiçado.

O set inicia-se em força, com o “Scrapple from the Apple”, um tema de Charlie Parker, a transbordar de bebop. Toscano faz-se acompanhar por João Pedro Gil ao piano, Romeu Tristão no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria, que nos levam num passeio por cerca de meia dúzia de standards. Destaco uma versão lindíssima da balada “I don’t stand a ghost of a chance with you”, encaixada no meio de um alinhamento maioritariamente composto por temas mais enérgicos.

Ouvir este quarteto é olhar para um futuro que se adivinha, à partida, risonho. É saber que o jazz nacional está bem entregue, em boas mãos, que vão cuidar dele lindamente. Nem é bem saber, é mais confirmar aquilo que já se  sabia. Porque se a Toscano é atribuída uma participação nesse futuro afortunado, não é de agora a descoberta: já é porta-estandarte há algum tempo, fruto de uma maturidade a tocar, um savoir faire que normalmente são características de idades mais provectas.

A boa notícia é que temos anos de música pela frente.

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