The Weeknd Transformou Lisboa Na Cidade Futurista Das Luzes

Por Tânia Fernandes

the weeknd
the weeknd em Lisboa Foto @the weeknd

Um palco futurista a remeter para o skyline de Nova Iorque, pulseiras com cores sincronizadas com as músicas, elementos monumentais como uma escultura feminina e uma lua luminosa marcaram o cenário do concerto de The Weeknd, esta terça-feira, no Passeio Marítimo de Algés, em Lisboa. A digressão europeia After Hours Til Down arrancou em Portugal e os novos êxitos foram acrescentados a um alinhamento cheio de hinos já bem conhecidos do público.

O cantor canadiano, de ascendência etíope, está num ponto alto da carreira, com a imprensa a lançar sucessivos destaques. Recentemente anunciou que ia assumir o seu nome de batismo Abel Tesfaye, deu a conhecer um novo tema “Popular”, associado a uma incursão no campo da representação, com a estreia de Idol, que chegou esta semana a uma plataforma de streaming.

Esta foi a terceira atuação de The Weeknd em Portugal. Em 2012 atuou no festival Primavera Sound, no Porto, e em 2017 no festival Alive, em Oeiras. E como o próprio referiu durante esta atuação, “vocês fazem-me sempre sentir como se estivesse em casa”.

O músico deveria ter regressado a Portugal no ano passado (estavam já duas datas na Altice Arena praticamente esgotadas), mas em outubro de 2021, cancelou a digressão mundial. The Weeknd reformulou o espetáculo, repensou-o para grandes recintos e saiu para a estrada no verão de 2022.

O palco revelou-se uma solução inovadora. A moldura escura e pesada onde habitualmente se encaixam músicos e estruturas de luz e som foi substituída por uma solução leve, com um design cuidadosamente elaborado. Reconhecemos arranha-céus entre outras estruturas metálicas.

Um corredor ao meio dividia o público e na extremidade oposta ao palco encontrava-se a escultura alienígena criada pelo artista japonês Hajime Sorayama. É a figura central do merchandising desta digressão, que ganhou forma, ao chegar à Europa. Metalizada, assume as cores das luzes que lhe projetam. Enquadrava ainda um balão gigante, insuflado antes da entrada do artista em palco. Uma lua, que teve diferentes tonalidades ao longo do concerto.

O recinto foi rodeado de estruturas carregadas de potentes projetores de luz. Mais tarde, o público foi envolvido numa atmosfera de luz e mergulhado num cenário imersivo de sons. A combinação de efeitos visuais, LED, lasers e projeções, ajudou a consolidar o clima e a energia para a performance.

A entrada do músico foi precedida do desfile de um conjunto de bailarinas/ figurantes. Elegantes figuras, vestidas de branco, cobertas com um véu revelaram-se um reforço do ambiente futurista do cenário, a trazer o toque feminino para o palco. De cortar a respiração, em “Take My breath”.
O branco foi também a cor escolhida por The Weeknd que entrou com o rosto coberto por uma máscara prateada e que só retirou quase a meio do concerto. Seguiu-se “Sacrifice”, o tema feito em conjunto com os Swedish House Mafia.

O clima estava bem quente já no início do concerto e as pingas que começaram a cair antes deram tréguas. “Lisbon” e “Portugal” foram referências que o cantor usou ao longo da noite. A arte de seduzir o público está bem oleada, e The Weeknd não perdeu uma oportunidade deixar o seu galanteio de forma repetida.

Continuou em alta com “Can’t Feel My Face” e “Lost In The Fire”. Os temas sucederam-se de forma rápida, ao ritmo dos DJs.

A produção deu tudo em “Hurricane”, o conhecido tema de Kanye West. Começámos por ver umas linhas de pirotecnia no ar, que em breve se expandiram pelo cenário. De repente, havia uma cidade em chamas e o público absorveu esse calor.

“The Hills”, “Often” e “Crew Love” (mais uma cover, desta vez de Drake) mantém o público ao rubro. São maioritariamente jovens, e conhecem todos os temas. Mais à frente, The Weeknd encadeia outro conhecido tema da tribo de hip hop: “Low Life” de Future.

“Starboy” foi recebida, como era de esperar, com histerismo. E só depois, mais à frente, em “Out of Time”  é que confirmamos que é mesmo The Weeknd que segura o microfone, quando remove finalmente a máscara.

As pulseiras que foram distribuídas na entrada do recinto acendem-se em “I Feel It Coming” e quem perdeu este momento, recentemente em Coimbra, pode agora reunir-se a esta comunhão de massas. Neste primeira tema, a surpresa chegou com luz branca, mas passou a vermelha em “Die for You”.

Depois de por todo o recinto a cantar “Call Out My Name” troca algumas impressões com o público. É quando recorda as passagens por Portugal. Aproveita para anunciar o tema seguinte, “The Morning”, sobre o qual refere “Está já toquei em Portugal, mas na altura muita gente não me conhecia. É uma das músicas que mais gosto e vou canta-la sempre”.

“Blinding Lights”, um dos maiores sucessos do cantor, foi mais um dos hinos da noite. À batida contagiante juntaram-se impressionantes focos de luz alinhados em direção ao céu. A música levou a plateia ao delírio e proporcionou um momento de união e celebração. Na primeira parte da digressão era com este tema que o artista concluía a atuação. Mas com os lançamentos posteriores, Lisboa teve direito aos extras “Double Fantasy”, “Creeping” (de Metro Boomin) e a grande estreia da noite “Popular”.

A felicidade era contagiante no final do concerto, ainda que muitos admitissem quase não ter visto realmente o cantor. O facto do recinto ser totalmente plano dificulta a visão para o palco. E desta vez, os ecrãs estava estrategicamente colocados de forma a integrar o cenário, sem destoar. Mas todos sentiram a boa onda de energia que percorreu o espaço.

A sensação de ter acrescentado uma experiência incrível ao registo de bons concertos transformou-se depois em pesadelo, ao tentar abandonar o local. O Passeio Marítimo de Algés continua a não reunir condições para receber 60 mil pessoas e muito menos para as escoar ao mesmo tempo. Mantém-se a falta de infraestruturas e o acesso aos transportes públicos ou mesmo às viaturas próprias implica uma longa caminhada. Durante horas é praticamente impossível circular nas imediações. Um regresso a casa bastante doloroso, agravado pelo facto de decorrer a meio de uma semana de trabalho.

Ainda a cantar “I don’t wanna know, if you’re playing me /Keep it on the low /Cause my heart can’t take it anymore/ And if you creeping, please don’t let it show” seguramo-nos na promessa de um regresso do artista, em breve.

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