Os avanços e retrocessos no tempo são algo comum por “Terra de Santa Maria”. A cidade acolheu, até 13 de agosto, a XXVI edição da Viagem Medieval, desta feita dedicada a D. João I, Mestre de Avis.
Voltamos aos conturbados anos de 1384 e 1385, onde se luta pela independência de Portugal, como a vitoriosa Batalha de Aljubarrota, entre outras lutas contra Castela, que hão-de levar D. João I, o da Boa Memória, a ocupar o trono e a encetar o prelúdio do que viriam a ser os Descobrimentos Portugueses.
É exatamente sobre as águas do Oceano Atlântico, onde se haveriam de descobrir as ilhas da Madeira e dos Açores que navegamos, ao entrar por um dos pórticos mágicos da Viagem Medieval.
Com seis praças de animação e 23 espetáculos espalhados por mais de 15 áreas temáticas, estimam-se 1600 performances, numa Viagem que começou no dia 2 de agosto e prepara-se para fechar portas no próximo domingo, dia 13 de agosto.
Doze dias de um evento que, a cada ano, se renova. Poderá parecer, perante um olhar desatento, que tudo foi visto e que a história volta a repetir-se, ano após ano. Mas quem vive, com olhos de ver, a Viagem Medieval, consegue rapidamente perceber, o tanto que muda e o pouco que se mantém.
É preciso experienciar cada área temática, para sentir o quão especial é a proposta que se apresenta ao visitante. Seja no Lago dos Feitiços ou na Granja dos Animais, na Cetraria ou nos Banhos de S.Jorge. É a entrega a cada momento e a cada espaço que permite, de facto, voltar atrás no tempo. Não basta um olhar!
O mesmo acontece com os espetáculos, recriações históricas que replicam momentos que marcaram o destino de Portugal. São esses “pedaços da História” que levam o visitante às Cortes de Coimbra, onde João das Regras defende o Mestre de Avis e a sua causa, que o transporta às Bodas Reais, onde testemunha a união de D.João I e D. Filipa de Lencastre, que o faz conhecer um pouco mais da vida de Nuno Álvares Pereira ou assistir à Batalha Real, que nos opôs aos Castelhanos.
A Viagem Medieval é uma experiência única e oferece, aliás, experiências ímpares, como a possibilidade de casar na viagem, de adquirir um passaporte temático, de ser princesa, cavaleiro ou guerreiro por um dia e de trajar em família, mergulhando num contexto histórico, a cada passo.
Entre malabarismos, festins, saltimbancos e escudeiros, o visitante é levado pelo tempo, para outro tempo, fugaz talvez, mas indelével. Porque quem se deixa imbuir do espírito medieval, regressa pausadamente, ao compasso dos malheiros, dos tecelãs ou dos ferreiros e percebe que a verdadeira Viagem Medieval é, como um universo paralelo, onde se deambula, se ri e se dança, ao som dos tambores e dos trovadores.